sábado, 12 de novembro de 2011

MÃE E FILHO

Dói-me lembrar-te, Mãe, cansada e desvalida
Triste, vendo meu pai morrendo na bigorna,
Teu coração ferido, em lágrimas se entorna,
Mas queres sustenta-me o pão, escola e a vida.

Lavadeira a servir suando em noite morna,
Desmaiaste no chão da choça hoje esquecida,
E ao lembrar-te a brusca e ansiosa despedida,
A dor se me refaz na angústia que retorna.

Chorei, sofri, cresci... Fui rico joalheiro,
Doente, enlouqueci atrelado ao dinheiro,
Mendigo, achei a morte, falando-me em diamantes...

Agora, eis-me a pedir teus braços de amor puro,
Sei, porém, que é preciso esperar o futuro,
Quero ser teu menino pobre como dantes!...

JÚLIO MONTEIRO

Nenhum comentário:

Postar um comentário

English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese